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Começei o dia 8 de Março a apanhar um autocarro para o centro da cidade, o dia 8 era um dia forte no que tocava à greve do Metro e um dia mais forte ainda no que tocava à manifestação a favor dos direitos das Mulheres, IGUALDADE é o que mais se reivindica. Como sabíamos da greve decidimos que nesse dia iríamos passear até ao Parc Natural de l’Albufera de València/Pobles del Sud.

Ao chegarmos ao centro rodopiei pela Plaça Redonda, pintada a toda a volta de amarelo é uma praça em forma circular que do lado de fora, passa despercebida ao olhar de qualquer um, eu tinha conhecimento da sua existência mas acabei por a encontrar sem querer antes da ida ao mercado. A praça é formada por prédios e lojas a toda a volta, datada de 1840 os acessos a ela são quatro, nos pontos cardeais e são feitos através de pequenas ruelas onde se formam arcos que dão entrada na praça. A praça é um ponto comercial, pedonal, as suas dimensões não permitem o acesso a veículos motorizados e é uma das praças mais pequenas da cidade. Situada  no centro do triângulo entre o mercado e a Plaça de La Reina é usada como caminho de acesso entre os dois.

Encantados com a vida, as cores e os amores entre as ruas lá chegamos ao mercado, mercados são puro amor, adoro ir a mercados, tenho pena dos nossos mercados em Portugal não terem a vasta variedade de produtos que vejo pelos Europeus, acho que também perdemos um pouco a tradição de ir ao mercado, e aos poucos está a ser recuperada.

O Mercat Central de València é lindíssimo e com imensa variedade, fiquei completamente apaixonada!

O edifício de arte nova Valenciana, belíssimo, foi construído no local que a partir de 1839, passou a ser usado para inaugurar um mercado ao ar livre chamado Mercat Nou. No final do século, a cidade de Valência abriu um concurso para a construção de um novo mercado coberto. Mas apenas em 1910 um novo concurso selecionou o projeto atual de Alejandro Soler March e Francisco Guàrdia Vial. A construção começou em 1914 e não foi totalmente concluída até 1928.

O Mercat Central de València é um dos maiores da Europa, abrange mais de 8.000 metros quadrados, em dois andares, de estilo predominantemente Valenciano de Art Nouveau. O tecto é incomum e compreende cúpulas originais e diferentes alturas e inclinações, o interior parece ser revestido por uma variedade de materiais como ferro, vidro, madeira, cerâmica e azulejos policromáticos. O edifício é muito bem iluminado e sua beleza é enaltecida devido à luz natural que entra pelo telhado e através dos painéis super coloridos.

O estilo combina um estilo de Art Nouveau Valenciano, moderno que acaba por reflectir  algumas influências arquitetónicas, como o estilo Gótico Valenciano da vizinha Llotja de la Seda e a eclética igreja gótica barroca de Sants Juanes.

A variedade de produtos alimentícios é tal, que eu era menina para gastar o mês lá dentro. Verduras e frutas frescas e secas, podem ver mais nas InstaStories, pinchos, fumados, peixes e carnes frescas, sumos, doces típicos e sobremesas e também lojas de souvenirs fazem as delícias do mercado que conta também com restaurantes e balcões onde se pode petiscar e beber, e acreditem ainda era cedo e vi bem esses copinhos de vinho, marotos! “It’s always 5pm somewhere, right?” 🍷

A sua popularidade é grande entre turistas e locais. Além das lojas internas, a toda a volta externa encontramos vendedores, maioritariamente de flores e souvenirs mas também bares e cafés com comida, bebida e lojas de utensílios de cozinha com as famosas paellas (sertã que dá nome ao prato) de todos os tamanhos possíveis, imaginários.

Paella significa sertã e vem do latim patella, diminutivo de patina que significa prato plano e largo, ou seja sertã.

A Paella é um prato de raízes humildes, dos pescadores e trabalhadores dos campos de arroz, residentes na área da Albufera de Valencia. Os habitantes da Albufera reza a história sempre viveram das plantações de arroz, dos barcos, das aves, principalmente patos e da pesca. O arroz de grão médio (5 a 6 milímetros) é o predileto dos Valencianos para confeccionar o prato. O arroz conhecido por bomba, é dos mais usados para o prato, por ser dos melhores a manter as propriedades de cozedura indicadas para a Paella, absorve bem água sem ficar pastoso após a cozedura e não abre com facilidade.

O prato, de ingrediente principal o arroz, que entrou na Europa por volta de 330 a.C. graças a Alexandre Magno e suas viagens, ao qual misturam verduras, carnes e pescados da zona como pato silvestre, marisco e caracóis, leva ainda açafrão, um dos ingredientes indispensáveis a par do arroz, e em Valência há quem adicione pimentão doce fumado e alecrim para conferir sabor ao caldo. Hoje conhecido e apreciado por todo o mundo foi ali na berma daquelas águas que foi criado.

Antes de ir  apanhar o autocarro para a Albufera, passamos num El Corte Inglés onde me dei ao luxo de comprar um pincho por €1.50 que foi mais caro que a empanadilha, e foi esse o meu almoço, pois fome era zero, quando viajo entusiasmo-me tanto com as coisas e quero ver tudo que me esqueço de comer e quando me dá a fome, tenho azar como aconteceu no dia anterior.

Quis muito conhecer esse sítio mágico chamado Albufera de Valência e fui até lá, pelo menos olhar para ela, absorver a sua imponência, mas acreditem em mim, que já o imaginava e pude comprovar, para conhecer a Albufera convém SEM DÚVIDA ter um carro e umas bikes ou vespas para explorar locais de menos fácil acesso, se conhecerem alguém que conheça bem a zona ou arranjarem por lá é uma mais valia. Mas valeu toda a pena do mundo a ida, e a meta será percorrer aquela costa toda da Albufera, aliás a costa mediterrânea espanhola! Não vou morrer, ESPERO 😅, sem alugar um carro e percorrer todos os pontinhos que pretendo!

Depois de fotos e vídeos decidimos regressar à cidade, fiquei com pena de não ter ido no barquinho ver a Albufera mas na altura não considerei que era boa ideia, fica para a próxima.

Chegamos à cidade fomos tomar café gelado, um expresso e um donut no Dunkin’, wow a pensar bem foi a primeira vez na vida que tive num Dunkin’ Donuts fora da América e não comi um donut.🍩

Aproveitamos que estávamos perto e fomos ao Palau de Cervelló. Um edifício neoclássico construído no século XVIII. Faz parte da histórica Plaza de Tetuán, em frente ao convento de Santo Domingo (edifício do século XIII de estilo Gótico Valenciano e Barroco, construído em terrenos cedidos pelo Rei Jaime I. O Palau de Cervelló é de extrema importância para a historia da cidade, quando o Palau del Real foi demolido em 1810, tornou-se a residência oficial dos monarcas aquando de visitas à cidade.

Em 1814, por exemplo, Ferdinand VII foi lá recebido, hoje encontramo-lo enfeitado com arcos triunfais, alegorias e retratos do rei e da rainha e de momentos importantes nele passados. Foi no Palau de Cervelló onde assinou o decreto que dissolveu as Cortes e revogou a Constituição de 1812, e anos depois, em 1840, sua viúva María Cristina abdicou da regência.

Actualmente é nele que encontramos o Arquivo Municipal Histórico de Valência, para onde os achados que estavam na parte superior da Câmara Municipal da cidade de Turia foram transferidos. Nele podemos consultar secções tão importantes quanto as “Feiras e Festivais”, “Rio Turia”, “Serrano Morales” entre outros.

Apenas a fachada é preservada com sua aparência original, ladeada por duas torres e dois pavimentos com varandas.

Welcome to my crib!
😆

Saímos e as ruas já cheias de mulheres  vestidas de “morado” enchiam cada vez mais as ruas, foi a maior manifestação que alguma vez vi na vida, descemos a Carrer de Colón dos jardins em direcção à Plaça de Bus, porque eu queria ir à Lush e era um trânsito pedonal que raramente se vê, ruas à pinha de gente, mulheres, mulheres e mais mulheres e ainda muitos homens, todos juntos pelos direitos das mulheres, após sair da loja acabamos por ir até ao IVAM a pé, voltamos a passar por várias zonas como o Jardim Botânico que é lá perto, sempre acompanhados nas ruas, por um mar de roxo, mulheres ao poder ✊🏽 já chega de desigualdade!

Entramos no IVAM após as 19h e ficamos até ao fecho praticamente, adorei o museu, acho que o macaco aventureiro já estava demasiado cansado para apreciar o que devia, estava que não podia das pernas e sofri alguma pressão para abandonar o edifício 😅, mas ele é rijo e acompanhou-me até ao fim. Vimos tudo e saímos. E aqui continua a história da luta, eram quase 21:00 e a maré roxa continuava firme e forte pelas ruas: música, tambores, (que eu adoro, fez-me logo pensar no São Gonçalo de Gaia) e gritos de reivindicação, surpreendente para mim, nunca vi tanta força, tanta gente e tanta garra!👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼 Foi a maior manif que alguma vez testemunhei e também ali continuei a apaixonar-me por Valência!

Continuamos caminho um pouco com eles um pouco afastados deles, furamos a multidão e passamos uma das pontes. Fomos ter a outro El Corte Inglés e comprar mais queijos e enchidos fumados: Bellota, salame de Ervas Finas e desta vez o meu favorito Emmental; pão de centeio e bebidas, e siga para o hotel tomar banho e sanduichar 😅 porque muitas vezes as coisas mais simples são as melhores da vida!

Estava uma noite tão agradável, andava eu de vestido, só consigo andar de vestido no verão, sou muito  mas sou ainda mais friorenta, não sou de aguentar frio, venha o quentinho, mas gosto de chuva tho.

Pelo caminho encontramos uma espécie de parque de diversões, mesmo em frente ao centro comercial onde estava o El Corte Inglés, carrinhos de choque e carrosséis para miúdos e graúdos e não resisti às fotos 🙈  já estava na hora do fecho e foi a hora ideal para atravessar a rua e apanhar o autocarro que nos deixou mesmo à porta do hotel para o merecido descanso depois de mais um dia sempre a andar, a health já contava na ordem de 20.000 passos!

E que grata estou, quem me dera poder fazer isso todos os dias! Paguem-me para passear ou que me saia o Euromilhões e eu não pararei! 😅

 

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